domingo, 15 de março de 2009

Clausura

Não está fácil, mas vai passar. Tenha fé. Seja forte. Pense positivo. Não desanime. Tudo vai melhorar. A dor vai passar, tenha paciência.
Essas e outras são as frases ouvidas desde o dia 27/02. Estou em 'clausura', exilada dentro da minha casa, onde nenhuma poltrona ou sofá é confortável o suficiente para eu passar alguns minutos sequer. Conclusão, fico na cama. E não, não está sendo nem um pouco fácil e eu sinto uma pontinha de raiva e tristeza ao mesmo tempo quando eu paro pra pensar. E olha que eu tenho pensado bastante, pois tempo não falta.
Os amigos presentes nessa hora são poucos, quase não preenchem os dedos de uma mão. Eu até entendo que seja muito difícil de aturar alguém que não tem muito do que falar senão do próprio estado de saúde e que a vida corre lá fora, com coisas muito mais importantes, divertidas ou mesmo apenas relacionadas a um trabalho ou estudo exaustante. Todos têm problemas, já sabemos. Quando se dão conta, a semana já acabou. O contrário acontece para mim, fechada no quarto. Os minutos se arrastam e eu fico incessantemente procurando algo para me distrair. DVDs, livros, internet, Guitar Hero. Basicamente fica nisso. Quando o telefone toca um certo alívio invade minha mente. Notícias do mundo lá fora! eba.
Ao mesmo tempo, tenho que confessar, sinto inveja das pessoas lá fora. Churrascos acontecendo dos quais não posso participar, motivos óbvios, e as pessoas 'insistem' a minha presença, acho que para se sentirem menos culpados. Shows que já comprei os ingressos, mas não vou poder comparecer. Festas de aniversário. Morte do primo. Escolher na escola as fotos da 1a comunhão da filha. Usar salto alto. Dançar. Ir tomar chopp. Me arrumar um pouco. Secar o cabelo decentemente. Conseguir fazer pedicure.Ir assistir Slumdog Millionaire. Não. Não. Não. Não.
São muitas as negativas. Poucos consentimentos.
E como não ficar amarga diante disso tudo? Eis a questão.
Admiro quem está me aturando. Minha filha principalmente, minha família em geral. O namorado se esforça mais do que todos, mas vamos ver... não sei se vai aguentar por muito mais tempo. Eu, sinceramente, acho que não aguentaria muito mais. Que graça tem namorar alguém que não pode fazer absolutamente nada de divertido? Alguém que tenta como um monge exercitar a paciência, a complacência e abstrair os sentimentos 'impuros' mas nem sempre consegue? Alguém que sente nesse momento que qualquer pessoa que está caminhando na calçada do outro lado do prédio já é uma pessoa melhor do que ela?

Estou postando isso para desabafar, sei que um dia tudo irá passar. Terei fé. Pensarei positivo. Não desanimarei. Tudo irá melhorar. E a dor irá passar. Haja paciência...

2 comentários:

Unknown disse...

Estou aki pro que der e vier, tá? bjao

Teca disse...

Ana-flor, posso não estar aí na sua casa, mas meu coração está. Olha, fiz uma cirurgia no sábado passado, quebrei o osso do tornozelo no dia 13, assim que puder andar de novo, juro que dou um jeitinho e vou aí te ver, tá?
beijinhos e carinhos,
Tetê